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Artigo

Maria Madalena, a apóstola feminista

Qual (deveria ser) o papel das igrejas (que se autoproclamam) cristãs, frente às injustiças perpetradas contra minorias?

27.mar.2018 às 06h59
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h42
Salvador BA
Armando Januário
A atriz Rooney Mara interpreta Maria Madalena

A atriz Rooney Mara interpreta Maria Madalena - Divulgação

Acabo de chegar em casa, após assistir Maria Madalena. No caminho da volta, algumas reflexões com a esposa e, sobretudo, a desconfiança de que uma ampla gama de eventos históricos vem sendo sistematicamente ocultada. Talvez, para além de ocultados, importantes acontecimentos foram – e continuam a ser – distorcidos.

Maria Madalena não é uma superprodução. Filme de 120 minutos, não parece ter um grande elenco. A exceção de Joaquim Phoenix e Chiwetel Ejiofor, não vi nenhum grande expoente nesta obra cinematográfica.

Entretanto, ao exibir a história de Jesus sob uma perspectiva feminina – e por que não dizer feminista – o longa reacende questões cruciais: qual (deveria ser) o papel das igrejas (que se autoproclamam) cristãs, frente às injustiças perpetradas contra minorias sociais? Elas têm cumprido o seu papel, de ser acolhedoras e amorosas com as pessoas? E, para muito adiante de proselitismos religiosos: qual a mensagem que um jovem carpinteiro deixou à humanidade?

Algumas perguntas, as quais, por 2000 anos, não vem sendo respondidas. Pior, no afã de manter sua estrutura dominante, a crença que se autodenomina cristã, impôs ao ocidente uma série de barbáries: da caçada às mulheres de pensamento livre, estigmatizadas como bruxas, ando pela violenta repressão a tradução da bíblia para outro idioma que não o latim, até chegar às cruzadas, a igreja católica não estabeleceu limites para assegurar seu poderio. Não obstante, parcela significativa do catolicismo, na trilha para se legitimar como a principal religião cristã, utilizou e persiste em operar um mecanismo de grande impacto sobre a sociedade.

Falemos do outro segmento religioso que também utiliza tal aparato, e que, análogo aos setores mais conservadores da igreja católica, autodesigna-se o verdadeiro cristianismo: algumas vertentes do neopentecostalismo brasileiro.

Compondo uma das bancadas políticas mais poderosas do congresso nacional, a Frente Parlamentar Evangélica é um grupo conservador responsável por inviabilizar importantes e urgentes discussões naquela casa.

Pautas progressistas, como a descriminalização das drogas e a regulamentação do aborto, são combatidas e não entram em votação. Com a ascensão do pensamento conservador no interior da sociedade brasileira, assistimos projetos como a PEC 181/2011 – que proíbe o aborto mesmo em caso de estupro – serem aprovados em comissões constituídas esmagadoramente por parlamentares neopentecostais, os quais, mesmo em um Estado laico, impõem suas crenças no exercício da legislatura.

Mesmo com emblemáticas diferenças de culto e crença, tanto evangélicos quanto católicos, em geral, fazem o jogo político a partir de um estratagema, que, muito antes de Maria de Magdala nascer, demonstrou resultados práticos para quem deseja ditar regras de conduta em sociedade: o controle da sexualidade.

Com efeito, quem decreta e faz cumprir, principalmente com uso da força, discursos sobre normalidade sexual, subalterniza não apenas no campo do erotismo e da reprodução, mas em todas as ações humanas. Isso porque a energia sexual é uma pulsão para perpetuar a vida em todas as suas idiossincrasias; não apenas na cama, mas em toda a dinâmica social.

Fiscalizar e conter as especificidades do sexo, tornou-se, ao longo da história humana, pedra fundamental para dominar sociedades inteiras, em especial grupos socialmente minoritários, como as mulheres.

Aqui, Maria de Magdala não é uma jovem judia que decidiu seguir Jesus no ano da sua crucificação. Ela representa os grupos historicamente sem voz da sociedade brasileira, como pessoas trans e travestis, que são privadas de participar da vida cotidiana, sendo empurradas à prostituição.

Madalena também foi estigmatizada como trabalhadora do sexo, precisamente em 591 d.C., quando o Papa Gregório I uniu a representação de três mulheres – (1) Maria, que, segundo o Evangelho de Marcos 16:9 tinha “sete demônios”, expulsos por Jesus; (2) a “pecadora” do Evangelho de Lucas 7:37; e (3) Maria de Betânia, que, conforme o apóstolo João, ungiu Jesus com fragrante óleo (João 12:3) – para construir o arquétipo da mulher devassa e impura, que, após a conversão religiosa, torna-se penitente e subalterna.

Madalena, porém, não se restringe apenas a um grupo socialmente minoritário e ostracizado. Ela chega aos dias atuais como Marielle Francisco da Silva. Executada com três tiros na cabeça e um no pescoço, às 21h30 de 14 de março, a ativista continua sendo caluniada diariamente nas redes sociais: mulher de bandido, eleita por organizações criminosas do tráfico de drogas, grávida com apenas 16 anos… e assim as fake news seguem matando Marielle Madalena.

Em meio a monstruosa atmosfera de ódio virulento contra os setores progressistas, disseminada em escala mundial, tendo em vista o advento de mais uma páscoa e com a perspectiva de um cristão sem bandeira religiosa, sou mais uma vez levado a meditar acerca das ações do rabi que revolucionou o pensamento ocidental.

A cada cena, pondero que possivelmente é o único filme que retrata a paixão sob o olhar de uma mulher. E de forma nada convencional, porquanto a maneira de Maria de Magdala, a apostolorum apostola, apóstola dos apóstolos, de acordo com Tomás de Aquino, compreender aquele que é considerado por muitos como Filho de Deus.

Enquanto muitos dos seus seguidores desejavam um governante para esta realidade física, Madalena viu em Jesus um representante das classes subalternas, alguém que acreditava na coletividade e na mudança de paradigmas como uma jornada pessoal. Para ela, seu mestre não veio implementar um novo modelo de governança na Palestina; antes, a missão dele seria incentivar cada pessoa a atingir o melhor de si, seguindo pela vereda da crítica aos ódios e agressividades que predominam na condição humana.

A jovem de Magdala vislumbrou em Jesus muito mais que um líder religioso. Ele seria para ela uma espécie de conselheiro prático, que, ao estimular cada pessoa a rever suas atitudes, contribuiu para a evolução moral e ética.

A noção madaleniana sobre a figura de Jesus ocupa a dianteira do seu e do nosso tempo; envolve encarar o amor como princípio vital para conviver positivamente com as diferenças. Obviamente, esta não é uma lógica que se encaixa em um salão lotado de pessoas dizendo amém para um padre ou pastor. Por isso, corromper a imagem histórica de uma pessoa pertencente a classes desprivilegiadas é tão importante para segmentos que se consideram cristãos. Afinal, com Pedros, temos igrejas. Mas, com Marias de Magdala, temos transformação de caráter, inclusão social, cidadania e igualdade entre os gêneros.

*Armando Januário é pós-graduando lato sensu em Psicanálise Clínica. Pós-graduado lato sensu em Gênero e Sexualidade. Pós-graduado lato sensu em Língua, Linguística e Literatura Brasileira. Pesquisador júnior do Centro de Estudos de Gênero, Raça, Etnia e Sexualidade / Cegres Diadorim da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Graduando em Psicologia e graduado em Letras com Inglês pela mesma instituição. Professor de Inglês. Pensador crítico e pós-crítico por missão de vida.

Editado por: Daniela Stefano
Tags: cinemacristianismodesigualdade socialmarielle
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