O coordenador da Frente Nacional contra Andrés Manuel López Obrador, Gilberto Lozano, entregou o pedido de impeachment contra o presidente mexicano à Câmara de Deputados, na última terça-feira (28). A "Frena", composta por 67 "porta-vozes", que se dizem "apolíticos", também convoca uma manifestação nacional na Cidade do México, no dia 9 de outubro para exigir a revogação do mandato presidencial.
A denúncia contem 84 páginas e 22 anexos, acusando o atual chefe de Estado de abuso de autoridade, negligência da gestão da pandemia e omissão em relação à segurança pública do México. Ainda apontam como motivos para o impeachment a contratação de médicos cubanos e a recepção dos diálogos entre governo e oposição da Venezuela.
Lozano é empresário e foi secretário de governo durante a gestão de Vicente Fox (2000-2006) — um dos ex-presidentes que poderá ser investigado por crimes contra o Estado.
Além da Frente Nacional Anti-AMLO, Gilberto Lozano é fundador do Congresso Nacional Cidadão e da Evolução Mexicana, organizações civis que propõem "varrer o lixo do México".
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No seu site, a Frente, criada em 2020, auto intitula-se como um movimento social, que não se tornará um partido político. Seu objetivo é derrubar o "ditador bolivariano antes de 30 de novembro deste ano". A saída de AMLO antes da metade do seu mandato implicaria numa nova eleição geral.
Nesta quinta-feira (30), López Obrador afirmou que as transformações sociais do México sempre foram acompanhadas de resistência do pensamento conservador, mas que nem por isso serão s os espaços de debate para a opinião pública. Para o mandatário, o país vive momentos "estelares" da história ao se revelar pelo menos duas correntes políticas: uma liberal e outra conservadora.
"Como conservadorismo podemos incluir o fascismo, o militarismo, o neoliberalismo, e ao liberismo podemos incluir o comunismo, o socialismo e o que costumam taxar de populismo", declarou.
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No dia 14 de setembro foi publicada a lei federal de revogação de mandato, que prevê a possibilidade de realização de um referendo para substituir governantes, a partir da metade da gestão. No caso de AMLO, seria a partir de 2022.
A lei prevê que são necessárias s de 3% do eleitorado dos 17 estados do país para acionar o processo do referendo revogatório. Se a consulta tiver pelo menos 40% de participação e a maioria absoluta votar pelo fim do mandato, o presidente deve deixar o cargo.