Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Direitos Direitos Humanos

entrevista

‘As línguas são a base do racismo’, afirma pesquisador

"Ovelha negra", "mercado negro": para autor de "Racismo Linguístico", linguagem está diretamente ligada à discriminação

13.maio.2022 às 13h19
Edison Veiga
|DW

"Temos de eliminar o sentido negativo dado a certas expressões", diz Gabriel Nascimento - Reprodução / Redes Sociais

Se na hora da expressão a língua liberta, para muitos, ela também oprime. Gabriel Nascimento percebeu isso de forma mais consciente alguns anos atrás, quando atuava como professor de inglês e se deu conta de que o racismo afetava a sua própria trajetória profissional. E transformou o tema em tese: Do limão faço uma limonada: estratégias de resistência de professores negros de língua inglesa, defendida na Universidade de São Paulo em 2020.

Ele se debruçou profundamente sobre o tema. E cunhou a expressão "racismo linguístico". "Defino como toda forma de racialização que ocorre através da língua, na língua e pela língua", explica em entrevista à DW Brasil.

Em 2019, ele lançou o livro Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. Na obra, ele demonstra como muitas expressões e palavras do dia a dia estão impregnadas de uma carga semântica profundamente discriminatória frente aos negros. São termos associados a algo negativo, como "lado negro da vida", "mercado negro" e "ovelha negra". Ou ainda naturalizações, como se referir a um africano em regime de trabalho no período colonial como escravo, e não como escravizado.

Para Nascimento, racismo linguístico é "tão grave" porque às vezes é "o que mantém outras formas de racismo". "O racismo cordial deriva do racismo linguístico. […] Minha tese é que as línguas são a base do racismo. E o racismo linguístico é tão grave porque ainda traz a percepção de que sua destruição não é grande 'porque é só linguagem'", considera. 

Atualmente, o linguista é professor na Universidade Federal do Sul da Bahia. Prestes a lançar um romance – O rio do sangue dos meninos pretos –, no qual conta a história de um mundo em que todos os negros foram exterminados.

DW Brasil: O que é racismo linguístico?

Gabriel Nascimento: Defino como toda forma de racialização que ocorre através da língua, na língua e pela língua. A língua permite três dimensões possíveis de como o racismo pode existir nela. A primeira é o que a gente chama de metáforas racistas, [chamar alguém de] macaco, por exemplo.

Temos também palavras que se acoplam na língua de tal forma que elas dão conta de aprisionar, de certa forma, o sentido. Não conseguimos enxergar nada além daquele sentido. Por exemplo: expressões como "ovelha negra", "o lado negro da vida". São palavras que para a gente já estão perfeitamente ressignificadas, mas continuam também a fomentar seu sentido negativo. Temos de eliminar o sentido negativo dado a essas expressões. Não se trata de eliminar os termos em circulação, mas de mudar o sentido negativo. O lado negro da vida não é uma coisa ruim.

Por último, o próprio ato da fala é um ato de racismo linguístico, pois é resultado de políticas linguísticas. Em determinado momento [no Brasil colonial] os jesuítas estabeleceram domínio [cultural], e esse domínio criou políticas linguísticas junto a populações indígenas e negras. Hoje temos políticas linguísticas diretas e indiretas. Por exemplo, a maneira como a escola trata com preconceito o falar de populações de origem africana, ignorando o quanto o português brasileiro é profundamente africanizado. Esse fato gera o principal aspecto de racismo através da língua. A primeira discussão relacionada ao racismo linguístico é sobre [o uso de] a palavra "negro".


"Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo" aborda como muitas expressões e palavras do dia a dia estão impregnadas de uma carga semântica profundamente discriminatória / Divulgação

O termo "negro" pode ser entendido como racista?

Ele é um termo originalmente racista. Os africanos não eram negros, não são negros. Eles não tinham essa visão. Originalmente, raça é um conceito [cultural] do Ocidente. [No Brasil] diferentemente do inglês, houve uma ressignificação da palavra negro. No inglês, negro [nigger] incomoda. É preto, black. A tradição da língua vai dizer muito sobre o sentido que a gente vai dar à palavra. Negro pode ser ofensivo, mas é uma palavra que foi reconstruída.

No Brasil é o termo inclusive utilizado pelo movimento negro… Ou seja: é o termo ligado ao orgulho, à valorização, à luta…

É um fenômeno próprio de cada cultura, vai acontecer em cada espaço. No Brasil, isso ou a acontecer no século 20, em razão da imprensa paulista que entre fim do século 19 e começo do 20 ou a publicar uma série de historiazinhas racistas sobre o negro, para tentar convencer que o negro era um perigo. Então [como resposta] começaram a aparecer a imprensa negra brasileira e outros movimentos, eventos [sempre utilizando o termo]. Usam a palavra negro porque existia uma tentativa de reagir a essas visões e também a uma visão racista do início do século 20, com teorias de que até o início do século 21, a gente não teria mais negros e mestiços no Brasil.

Foi então uma resposta, um contra-ataque. Adotou-se, portanto, o termo que antes era pejorativo?

Sim, era pejorativo.

Como você se deu conta de que as palavras também podem ser ferramentas para a perpetuação do racismo?

Trabalhamos muito com a ideia de que palavras são algo acabado. Mas a palavra ganha um sentido muito provisório, sentidos emprestados a ela. O termo negrinho, na boca de uma pessoa negra ou em uma situação de intimidade, pode não ser racista. Mas dito em espaços públicos é racista. Em cada contexto esse termo vai criando correlações.

O verbo "denegrir" surgiu antes do [conceito de] negro. Os africanos aram a ser chamados de negros pelo sistema colonial moderno. Negro é uma palavra ocidental que começa a aparecer nos dicionários ses a partir do século 16. "Denegrir" é uma palavra racista ou não é? "Denegrir" surgiu antes do negro, vem do latim e significa manchar. Não necessariamente escurecer, isso é importante. Mas essa palavra acabou se tornando cada vez mais referente ao negro, em uma construção do século 18, na raiz de todo o mal da ideologização do racismo. Há um conjunto de palavras que são, sim, racistas, porque aram a ser mais conhecidas nesse contexto, nesse período.

Há termos e expressões assim incorporadas ao dia a dia. Mesmo quando elas são utilizadas sem consciência do significado racista, isso também é um ato de racismo?

Sim, racismo não é só o ato praticado conscientemente. Seria muito fácil, inclusive. Acho que justamente a gente tem de focar… Não dá para pegar um fascista, um nazista e tentar colocar na cabeça dele que ele está errado, nesse caso não dá para ter diálogo ou pedagogia. Mas para uma pessoa que reproduz certos valores de maneira indireta, há [solução]. A gente precisa focar essas pessoas, mostrar que isso também é racismo. Reproduzir esses discursos é a base do que constitui o hegemonismo, a supremacia do outro.

O racismo linguístico é tão grave como outras formas de racismo?

Tão grave e às vezes é o que mantém outras formas de racismo. O racismo cordial deriva do racismo linguístico. Por exemplo, dizer "ah, você é uma negra bonita" cria a percepção da necessidade de um adjetivo: "ela é negra, mas ela é bonita". Esse marcador tem um papel, apoia-se na linguagem, no racismo linguístico. Minha tese é que as línguas são a base do racismo. E o racismo linguístico é tão grave porque ainda traz a percepção de que sua destruição não é grande "porque é só linguagem".

Então, como combatê-lo?

Eu acho que tem duas maneiras. Uma está em andamento, é o aspecto ligado à presença de pessoas negras em [diferentes] espaços. Isso tem causado mudanças, questionamentos, discussões sobre tais temas. O segundo aspecto tem a ver não só com a conscientização, mas também com uma exemplificação. Ao falar com pessoas que colocam esses pontos, eles [os que usam termos racistas sem se dar conta disso] am a sentir o peso. Porque a gente vai roubando coisas das falas dos outros, isso é uma aspecto crucial da linguagem. Esses dois pontos vão gerando novas demandas e isso provoca o que chamamos de conscientização.

Conteúdo originalmente publicado em DW
Tags: livropesquisaracismo
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

MESADA

Bolsonaro diz que deu R$ 2 milhões para custear filho que está nos EUA

ARTIGO 19

Mendonça: redes não podem ser responsabilizadas por postagens ilegais

Protesto

MST realiza atos em Marabá (PA) contra instalação da hidrovia Araguaia-Tocantins

Bolsonarismo

Falta de unidade pode enfraquecer extrema direita nas eleições de 2026, avalia professor

AMAZÔNIA

‘Aproveitam brechas da lei para roubar terras públicas’, diz secretário do Observatório do Clima sobre grileiros

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.