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‘Sou meio masoquista na literatura’: Verena Cavalcante fala sobre infância, traumas e escrita de horror

Escritora lança novo livro "Como Nascem os Fantasmas", seu romance de estreia

No BdF Entrevista desta segunda-feira (2), a escritora Verena Cavalcante fala sobre seu novo livro, Como Nascem os Fantasmas, romance de estreia que mergulha na infância, nos vínculos familiares e nos terrores literais e metafóricos que habitam esse período da vida. “É uma miscelânea de tudo que me arrebata de alguma maneira”, resume a autora, que ficou conhecida pelos contos de Larva e O Berro do Bode, reunidos no volume Inventário de Predadores Domésticos.

Na conversa, ela compartilha o processo de transição do conto para o romance, comenta o uso da infância como chave narrativa e discute os limites da responsabilidade da literatura diante de temas sensíveis. Aborda também o fascínio por insetos, o impacto da escrita na sua vida, o protagonismo feminino na literatura de horror latino-americana e o caminho até furar a bolha das editoras independentes.

Com a franqueza que marca sua obra, Verena revela: “Como sou meio masoquista na literatura, gosto de falar de sofrimento, de violência, de angústia, fico mergulhada nesse sentimento enquanto estou escrevendo. […] Toda vez que vou escrever algo, eu tenho que me rasgar. Tenho que sofrer, chorar, ter vontade de desistir.”

Confira a entrevista:

Qual o enredo e os temas abordados no conto que está para ser lançado, Como Nascem os Fantasmas?

Como Nascem os Fantasmas é um livro no qual eu abordo novamente a infância. Sou obcecada, é o que move a minha escrita. A protagonista é uma menina de uns 10, 11 anos, que vive numa cidade do interior de São Paulo na década de 1990. Ela é criada pela avó, uma líder espiritual muito poderosa na comunidade. Em uma noite de apagão, ela tem um encontro com um fantasma usando o corpo da avó. A partir daí, ela adquire uma obsessão muito perigosa, tanto para ela quanto para as pessoas ao redor.

É um livro em que eu trabalho amadurecimento, relações familiares, fantasmas metafóricos e literais, realismo fantástico, “causos” do interior… É uma miscelânea de tudo que me arrebata de alguma maneira.

Como foi o processo de ar dos contos para o romance?

Foi difícil. Há muito tempo eu pensava em escrever um romance, e as pessoas cobravam isso desde a leitura de Larva e O Berro do Bode, que depois se tornaram o Inventário. Eu tinha algumas ideias, mas não chegavam a ter a substância necessária. Comecei a escrever um conto chamado Vovó Recebia Espíritos, bem autobiográfico, porque cresci com uma avó que era líder espiritual, uma médium muito poderosa.

Comecei usando a memória de uma noite de apagão, em que eu me deparei com a minha avó “encarnada” de algo, mas ele foi crescendo. Quando vi, já tinha 40 páginas. Foi escapando da minha mão, criando vida própria. Como Nascem os Fantasmas nasceu aí. Levou uns três anos para ficar pronto. Tem 170 páginas, mas foi trabalhoso. Escrevi muitas versões. Eu tive que soltar, mas se pudesse, ainda estaria aqui escrevendo de novo, de novo, de novo. Eu sou dessas.

Nara Vidal certa vez disse que “precisava ver quanto tempo aguentava ficar com a personagem”. Como é isso para você?

Foi muito cansativo. Eu realmente tive que soltar a mão dessa história, dessas personagens, porque já fazia muito tempo. Escrevemos mesmo quando não estamos escrevendo: a história fica rolando na nossa cabeça, e ficamos imersas nessa mitologia que criamos. Como sou meio masoquista na literatura, gosto de falar de sofrimento, de violência, de angústia, fico mergulhada nesse sentimento enquanto estou escrevendo. Depois de três anos, eu não aguentava mais. Só queria que fosse embora. Ao mesmo tempo, morro de saudade. Agora fica essa sensação de que o livro não é mais meu, é dos leitores, das pessoas. Já não me pertence.

De onde vem esse interesse pela infância?

Quando comecei a escrever, eu trabalhava numa editora que publicava livros voltados para a psicanálise e a psicologia. Então lia muito material sobre o assunto, e um dos temas que mais me fascinava era a psicanálise de crianças ou as teorias freudianas que envolvem a infância, como esse período basal da vida em que há traumas, repressões, e que acabam moldando a nossa personalidade, nossas estruturas psíquicas. Esse foi um motivo.

O outro é que sou alguém cheia de reminiscências; tive uma infância muito peculiar, ao mesmo tempo maravilhosa e muito assustadora. Eu nunca senti tanto medo quanto quando era criança, e nunca fui tão feliz quanto naquela época. Reflito muito sobre isso. Acredito que seja um terreno muito fértil para entender o ser humano. E tem uma coisa dentro da infância que são as memórias, que aparecem para mim muito intensas, mas sempre com uma certa névoa. Isso já é um terreno perfeito para o terror.

No Inventário de Predadores Domésticos, a infância aparece muito envolta em violência. Você trata de temas sexualidade, abuso sexual… Vivemos hoje avanços em questões de gênero, mas por outro lado, há pessoas pedindo, por exemplo, que as plataformas de streaming tenham botão para pular cenas de sexo. Como foi trabalhar com esses assuntos? Tomou algum tipo de cuidado? Teve receio da reação das pessoas?

Quando escrevi os contos de Larva, em 2012, ainda não se discutia tanto cultura do cancelamento, temas sensíveis, gatilhos… Quando compus o Inventário com a DarkSide, escrevi outros contos dentro da mesma temática para estender um pouco o livro. Mas vou ser bem sincera: isso não me preocupa. A vida é feia e linda, incrível e horrorosa. E a literatura é um espelho da realidade. Eu coloco esse espelho ali. Quem não quiser ver, não tem problema. Pode até tentar quebrar, mas paciência.

Quando escrevi esses contos, minha intenção era falar sobre traumas de infância. Cada história da primeira parte do Inventário traz algo que acontece com uma criança. Se ela sobreviver, no futuro, terá deslocado esse medo para um objeto específico. Por exemplo, tem um conto em que a menina vai ao velório do avô e vê uma aranha no túmulo, isso virou uma forma de falar sobre aracnofobia. O que causa traumas? Por que as pessoas têm traumas?

Por mais que eu fale de situações violentas, também faço questão de falar das boas, das bonitas, que permeiam a infância. Mas uma das intenções era também jogar luz sobre esse período, desmistificar a ideia de que a infância é a fase mais linda, pura e mágica da vida. Muitas vezes, as crianças são negligenciadas, invisíveis, não são consideradas gente, menosprezadas. Eu queria que as pessoas olhassem para as crianças com mais atenção.

Tanto que o livro é dedicado à sua filha, não é?

Sim, o livro é dedicado à minha filha.

Algumas publicações usam o “alerta de gatilho” para avisar que a história contém suicídio, abuso sexual, etc. Há uma pressão muito sobre a literatura, a ficção, de responsabilidade com o leitor. É uma responsabilidade da literatura?

Acho que o alerta de gatilho deveria vir antes de alguns vídeos que encontramos nas redes sociais. Muitas vezes você está lá só para ver qualquer coisa, e se depara com algo horrível, que te destrói completamente. Na ficção, geralmente, as pessoas sabem o que vão encontrar. Quando você pega um livro de horror, insólito, ou que trata de violência, chega a ser quase um pleonasmo colocar um alerta de gatilho. Me parece óbvio que você vai encontrar coisas que vão te tirar do eixo. A intenção é essa.

Eu me sinto extremamente angustiada quando vejo imagens de crianças que estão ando pelo genocídio na Palestina, em Gaza. Eu sei que, se eu entrar num portal de notícias ou numa página especializada sobre essa questão, eu vou encontrar aquilo. Se me faz tão mal, preciso estar consciente disso. É minha responsabilidade, nesse caso. A decisão é minha: se eu vou ver um vídeo, chorar, me sentir impotente, incapaz, sentir que o mundo é horrível, fui eu que tive a iniciativa de clicar naquele vídeo. A responsabilidade foi minha, não das pessoas que colocaram o vídeo ali. Eu vejo a literatura da mesma maneira.

Sobre o Inventário, de onde surgiu esse fascínio por insetos?

Desde pequenininha eu sempre gostei. No início da vida, eu morava em São Paulo, capital, num prédio, e os únicos insetos que eu encontrava eram tatuzinhos-bola. Gostava muito de encher caixa de sapato com tatu-bola. Eu tinha uma coleção de revistas sobre insetos que saíam toda semana pela Abril, chamada Mini Monstros. Vinham pecinhas para montar uma aranha gigante, depois um escorpião gigante…

Depois, me mudei para o interior, numa cidade de 55 mil habitantes na época. Tive uma infância muito livre, de brincar na rua, no campo. Morava perto de um lugar com brejo, muita área rural, conseguia ter o a vários insetos. E assim foi crescendo esse fascínio. Sempre enxerguei os insetos como alienígenas, como se convivêssemos com seres totalmente diferentes, mas, ao mesmo tempo, com estruturas de sociedade muito parecidas com as nossas, de colônia. Acho fantástico.

Até hoje eu coleciono cadáveres de insetos e tenho muitos livros sobre o tema. É uma coisa que me fascina mesmo. Sempre que eu escrevo alguma coisa, gosto de colocar um inseto, um invertebrado que seja, na história. Pode ser uma mosca que a voando, mas vai ter ao menos um. Foi assim que eu achei a unidade de Inventário de Predadores Domésticos. Como eram dois livros de contos em um só, eu precisava encontrar um ponto em comum: os insetos.

Você diz que luta contra a escrita. É pelos temas que você aborda, ou por a história estar perfeita na cabeça, mas sair truncada no momento da escrita?

As duas coisas. Acho que minha cabeça não funciona fora do plano do sofrimento. Toda vez que vou escrever algo, eu tenho que me rasgar. Tenho que sofrer, chorar, ter vontade de desistir. Meu processo criativo funciona assim. Às vezes tento fazer algo mais leve ou divertido, e acabo voltando para essa área escura.

Também tem a questão de eu ser muito autocrítica. Demoro muito para escrever um texto. Fico reescrevendo, reescrevendo, reescrevendo… Tenho muita dificuldade para enxergar o texto como algo finalizado ou bom o suficiente. Sou minha pior crítica. Acho que todo escritor sofre um pouco disso, dessa cobrança acirrada sobre si mesmo. Eu fico esperando o dia em que vão descobrir que eu sou a pior autora que já existiu.

Você já recebeu uma estrelinha na avaliação da Amazon ou ainda não?

Já. Mas nem me abalei, eu já sabia que ia rolar uma estrelinha.

Seus dois primeiros livros foram publicados por editoras bem pequenas. Depois veio a DarkSide, que já é uma editora maior, e agora a Companhia das Letras. Como foi o processo de furar bolhas?

É esquisitíssimo. Tanto Larva quanto O Berro do Bode, eu escrevi despretensiosamente, para mim. Larva, inclusive, escrevi em 2012, terminei em 2013 e deixei no computador. Fiz uma oficina de escrita com um amigo autor, Luiz Johnny. Ele falou: “Alguém aí tem um livro engavetado?” Eu falei: “Tenho”. Ele pediu para ler, mandei e ele encaminhou para a editora Oito e Meio, que publicou. Eu aceitei no susto. Depois, escrevi o Berro do Bode, com o objetivo de registrar as histórias que minha avó contava. Conversando com o editor da Penalux (hoje Litteralux), ele quis publicar e publicou.

Os livros ficaram muito s, lidos basicamente por colegas autores e editores de pequenas editoras. Não chegaram de fato aos leitores. Então eu não tinha a sensação de ser escritora. Publiquei dois livros, mas não era minha carreira, minha função. Gostava de escrever, só isso.

Um dos editores da DarkSide foi à Livraria da Travessa, e um livreiro indicou Larva. Era a única livraria no Rio de Janeiro que tinha o meu livro. O editor leu, gostou, e foi assim que chegaram até mim. Quando a DarkSide me ou querendo publicar meu trabalho, foi um susto ainda maior. Eu não me via como autora de horror, achava que fazia outra coisa: falava da infância, sei lá. Não era consciente, era orgânico, intuitivo. A partir daí tive que lidar com esse rótulo: agora sou escritora; meus livros vão chegar em leitores, e eu escrevo horror. Foi um negócio enorme de lidar.

Depois, quando escrevi o romance, a Suma demonstrou interesse também, que é o selo de ficção especulativa da Companhia das Letras. Muito louco.

A literatura de horror latino-americana está em alta. Você se sente parte dessa onda de mulheres que escrevem horror na América Latina?

Sim, me considero uma dessas representantes. Acho que existe muita consonância na literatura das mulheres da América Latina, incluindo o Brasil, que muitas vezes as pessoas esquecem que faz parte da América Latina nesse rol de autoras. Partilhamos da mesma história de violência, repressão política, violência de gênero, desigualdade social. E o horror, enquanto ferramenta crítica e política — porque sempre é, tudo é político, inclusive a literatura —, serve para exteriorizar essas questões que são muito similares nesses locais, entre as mulheres.

Acho que a literatura de horror, por mais que também seja escrita por homens, é uma coisa feminina, coisa de mulher. Ninguém escreve horror como as mulheres. As mulheres sentem o horror de maneira diferente. Elas sentem o horror no cotidiano, no corpo, no desejo de gritar e se rasgar e revidar — e não conseguir, porque fomos muito bem domesticadas. A literatura é uma vazão, uma forma de escape disso tudo.

Para você, ser mulher num contexto ainda muito patriarcal, misógino, como é o da América Latina, já seria uma experiência de horror por si só?

É uma experiência de horror todos os dias. Um horror que é difícil de explicar porque é muito físico. É essa sensação de savana, de existir num contexto em que você é a presa. Todos os dias eu saio para caminhar de manhã, e não tem uma manhã em que eu não me sinta a presa de alguma maneira. E esse é só um detalhe do meu dia com o qual eu preciso conviver.

E eu sou uma mulher de classe média, que tem uma ótima estrutura familiar, com um marido muito carinhoso e respeitoso, muito privilegiada. Mesmo assim, vivo o horror de maneiras muito intensas todos os dias. Então eu acho que, porque nós, mulheres, temos essas vivências, temos que calcular cada movimento, cada lugar, cada roupa, tudo, experienciamos o horror de maneiras muito mais intensas. E temos que aprender a nos defendermos muito cedo.

Eu lembro de ser muito assediada na rua aos 12, 13 anos. Acho que é uma experiência universal das mulheres brasileiras. Me lembro de ver a reconstituição do “Maníaco do parque”[como ficou conhecido Francisco Pereira, assassino em série brasileiro] atacando as vítimas na televisão. Minha mãe me fazia assistir, e falava: “Você precisa saber o que acontece. Tem que tomar cuidado. Não pode falar com homens estranhos. Olha o que acontece com as mulheres.” Isso ficou muito gravado para mim: o que fazem com as mulheres. O que é a literatura perto disso?

No primeiro boom da literatura latino-americana, do realismo mágico, vivíamos um contexto social e político muito marcado pela Revolução Cubana e pela ditadura em vários países do Sul Global. Agora temos de novo a literatura latino-americana atravessando fronteiras, sendo traduzida para vários países. Que contexto temos agora? Por que o mundo está olhando para essa produção, que é especialmente de horror, feito por mulheres?

Acho que o horror está recebendo uma nova visão ultimamente. Atribuo parte disso à pandemia. Por mais que muitas dessas autoras já escrevessem e publicassem antes, de 2020 para cá, teve um aumento muito grande. Acho que é um sintoma do horror que a pandemia nos causou, do medo, da angústia. Isso tem que ir para algum lugar. As pessoas procuram o horror porque o horror também é um espaço de catarse, de acolhimento. Acho que houve uma maior recepção quanto a isso.

Sobre ser uma literatura majoritariamente feminina, de certa maneira eu atribuo aos movimentos políticos, sociais, às próprias redes sociais que deixam mais clara a desconstrução do patriarcado, a valorização da leitura de autoras, de arte produzida por mulheres. De dez anos para cá, teve uma mudança muito grande guiada pelas redes sociais, de certa maneira.

Mas estamos vivendo tantas coisas ao mesmo tempo, historicamente falando. Tenho pena dos professores de História porque são muitas questões muito grandes, tanto sociais quanto políticas, conflitos, tecnologia… Estamos numa miscelânea, numa coisa caótica. Então eu não sei dizer com certeza o que poderia ser.

Quais autoras latino-americanas você gosta e te influenciam mais?

Gosto muito e leio muito todas elas. Mas algumas têm temáticas que dialogam bastante com as que eu gosto de usar na minha literatura: María Fernanda Ampuero e a Mónica Ojeda. Gosto também de Fernanda Melchor, que é uma autora mexicana; de Samanta Schweblin, de Mariana Enriquez. Gosto também de Brenda Navarro, que não necessariamente escreve em solitário, mas a literatura dela também tem um peso, é perturbadora de certa maneira.

Quando o Inventário de predadores domésticos saiu, eu mandei o livro para a María Fernanda Ampuero. Ela leu e me convidou para fazer parte de uma antologia organizada por ela, que é o Dantescas, um livro lindo, ilustrado. Essa antologia foi organizada só com autoras latinas, com exceção da Charlotte Perkins Gilman, que é a autora de O papel de parede amarelo. Tem Liliana Colanzi; Mariana Enriquez; Elaine Vilar Madruga, que é cubana; Laila Martínez; Silvina Ocampo… Muitas autoras incríveis. Eu me sinto super honrada de participar.

É como se fossem várias irmãs que compartilham desse DNA histórico, social, que é ser mulher na América Latina.

Tem alguma coisa nova que você está trabalhando? E o que você ainda tem vontade de escrever?

No momento, não estou trabalhando em nada. Eu tenho um livro de contos praticamente pronto, mas quero lapidar e reescrever quantas vezes eu puder. Esse ano provavelmente não vou conseguir [lançar mais um livro] porque estou fazendo uma pós-graduação em física analítica e já tem o lançamento de Como Nascem os Fantasmas. Mas, além desse livro de contos que eu pretendo lançar não sei quando, eu gostaria de escrever um novo romance. Esbocei algumas ideias e escrevi alguns capítulos. Vamos ver.

Para ouvir e assistir

BdF Entrevista vai ao ar de segunda a sexta-feira, sempre às 21h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo. No YouTube do Brasil de Fato o programa é veiculado às 19h.

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