O ataque de Israel à embarcação Madleen, da Coalizão Flotilha da Liberdade, é mais um episódio da política de extermínio contra o povo palestino, segundo denuncia Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), em entrevista ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. A embarcação foi interceptada por forças israelenses nesta segunda-feira (9), enquanto navegava em águas internacionais com destino à Faixa de Gaza, carregando ajuda humanitária. Entre os ativistas a bordo estavam o brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg.
“Atacar este barco absolutamente desarmado, composto de civis que levavam única e exclusivamente alimento e medicamentos básicos para a manutenção de um ser humano vivo indica que Israel persegue a todo custo a manutenção da fome como arma de guerra para a destruição de toda a população na faixa de Gaza”, denuncia Rabah.
Segundo ele, o ataque viola o direito internacional por ter ocorrido fora do território israelense, com destino a uma costa reconhecida como parte do território soberano palestino por 151 países, incluindo o Brasil. “A Flotilha da Liberdade neste momento importa imediatamente como ponto crucial, em virtude do sequestro ilegal, da abordagem ilegal, do ataque ilegal a pessoas civis de todo o mundo que navegavam em águas internacionais”, afirma.
O dirigente lembra que a Faixa de Gaza está sob bloqueio desde 1967. “Israel promove um bloqueio a Gaza […] e emite uma ordem estatal de impedir a entrada de qualquer comida e de outros insumos para o povo palestino que ultraassem o mínimo necessário de calorias para a manutenção de um ser humano. Essa regra persiste neste momento genocidário, com o uso da fome como arma de guerra e instrumento de limpeza étnica”, destaca.
Para Rabah, o ataque à Flotilha da Liberdade repete o que já ocorreu em 2010, quando dez embarcações foram alvos de Israel e deixaram nove ativistas mortos e mais de 50 feridos. Até o momento, o paradeiro dos ativistas da Madleen segue incerto, e entidades internacionais pressionam pela libertação dos tripulantes detidos. Segundo o Exército de Israel, eles estão “todos ilesos” e serão repatriados para seus países de origem após serem interrogados.
Resultado do imperialismo
Durante a entrevista, Ualid Rabah lembrou que os ataques a Gaza e as violações de direitos cometidas contra o povo palestino são resultado do imperialismo no Oriente Médio. “É preciso deixar claro que esses crimes de lesa humanidade em todo o mundo, especialmente na Palestina, são estadunidenses. O que tem que ser parada é a máquina de extermínio dos Estados Unidos da América”, defende.
“Israel é apenas mais um kapo de plantão. Tal qual houve kapos sionistas dos campos de concentração a serviço dos nazistas, hoje Israel, [o primeiro-ministro israelense] Benjamin Netanyahu, a elite sionista, inclusive as organizações sionistas no Brasil, não am de kapos do imperialismo para o extermínio do povo palestino”, compara.
O presidente da Fepal critica a ineficiência da Organização das Nações Unidas (ONU) diante de crimes de guerra cometidos em diferentes partes do mundo. “A ONU não tem conseguido cumprir os seus objetivos fundamentais”. Apesar disso, acredita que o órgão “seguramente se manifestará [em defesa dos ativistas], assim como os países de onde partem esses ativistas, que eu espero que se manifestem”.
Para ouvir e assistir
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