Desde as primeiras horas desta terça-feira (10), a Polícia Civil realiza uma megaoperação no Complexo de Israel, zona norte do Rio de Janeiro. A ação impactou a circulação de transportes na região metropolitana e escolas. Motoristas e ageiros ficaram encurralados nas duas principais vias expressas da cidade.
Ao menos duas pessoas foram atingidas durante o intenso tiroteio, um motorista na Linha Vermelha, e um ageiro na Avenida Brasil. A operação segue em curso ao longo desta manhã.
Segundo a polícia, a operação busca cumprir pelo menos 70 mandados de prisão contra traficantes do Terceiro Comando Puro (T). A investigação de sete meses conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) tem como alvo a organização criminosa liderada por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, classificado como um dos “mais perigosos do estado”.
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O traficante evangélico exerce o domínio nas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau, que batizou de Complexo de Israel. Segundo comunicado da polícia, a ação visa desmantelar da estrutura criminosa na região.
“Sob o comando direto de Peixão, o T promove a intimidação sistemática de moradores, expulsão de rivais, ataques a agentes de segurança e ações coordenadas para impedir operações policiais. Foi identificado um grupo responsável pelo monitoramento de viaturas, queima de ônibus e organização de protestos simulados com o objetivo de obstruir o trabalho policial. Foi apurada, ainda, a existência de um núcleo especializado na tentativa de abate de aeronaves policiais, composto por criminosos com armamento pesado e treinamento específico”, diz a nota.
Impactos
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio (Cor-Rio) informou que a capital fluminense entrou no “Estágio 2” de risco devido aos impactos do tiroteio. A Avenida Brasil e a Linha Vermelha ficaram fechadas por pelo menos uma hora. Após serem liberadas, a situação das vias continua de trânsito intenso.
Vídeos nas redes sociais mostram ageiros deitados no chão para se esconder dos disparos dentro de uma estação do BRT. O Rio Ônibus informou que pelo menos 50 linhas municipais tiveram itinerários prejudicados. A deputada estadual Renata Souza (Psol) comentou o impacto da operação nos transportes.
“Esse é o cotidiano que nosso Governador tem proporcionado aos nossos cidadãos: Avenida BR, Linha Amarela e BRT fechados, pessoas se protegendo do tiroteio deitadas no chão. Mais um dia de tensão na vida do trabalhador em nome de uma (in)segurança que diz trazer solução, mas espalha o caos”, escreveu a parlamentar.
O ramal Saracuruna dos trens urbanos da Supervia estão circulando da Central do Brasil até apenas a estação da Penha. Já no trecho entre Gramacho e Saracuruna, os trens ainda aguardam ordem para retomar a circulação devido ao tiroteio próximo à estação Parada de Lucas.
Até o momento, 21 escolas da rede municipal dentro do conjunto de favelas foram impactadas pela operação. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) comunicou que não será cobrada presença de estudantes e servidores devido aos transtornos desta manhã.